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Parece que as pessoas se superam

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Vivemos em um momento de dicotomia - clara e, muitas vezes, burra. Dizer que todos os que participam do governo Bolsonaro não se diferenciam dele em nada é tão errado e irreal como dizer que todos do Partido dos Trabalhadores são corruptos. Conheço e convivo com vários petistas que são pessoas idôneas, íntegras e super honestas, assim como aliados do

Presidente Bolsonaro, que compartilham as mesmas virtudes, e são possuidores de bom senso, capacidade de diálogo, entre muitas outras qualidades que deve ter um bom político. São pessoas com propósitos republicanos sólidos e que querem ajudar a construir um Brasil melhor. A meu ver, porém, existem virtudes que faltam a muitos. Virtudes que constroem a possibilidade de diálogo, de ações pautadas na transparência, prontos para falar, mas também prontos para ouvir, aprender e construir juntos. O mundo é bem mais complexo: ele não é preto ou branco, tem muitas outras cores, e é essa a complexidade que a maioria tem dificuldade de ver e avaliar.

O Brasil passou anos inundado pela corrupção. Uso a palavra "inundado", pois a corrupção é um problema antigo na política brasileira, mas, nos últimos anos, fomos quase que vencidos por ela. Porém o Brasil é forte, e os brasileiros mais ainda. Queremos e acreditamos que os rumos das coisas podem mudar. Vivemos um processo eleitoral conturbado, como sempre o é historicamente. Tivemos um vencedor. Tudo parecia estar indo bem, com muitas turbulências, mas bem. Nossa economia se recuperava, os índices de criminalidade melhoravam, as apreensões de drogas batiam recordes e o crime organizado estava tendo baixas importantes. As instituições caminhavam com dificuldades, mas livres de interferências diretas, como se deseja em um Estado Democrático de Direito. De repente, as coisas começam a piorar e o mundo vive uma pandemia.

Até que no dia 23 de abril de 2020, em um cenário - lembrando - de pandemia mundial e com previsão da maior crise econômica da história moderna, o presidente da República do Brasil, no uso de suas atribuições, resolve mexer em uma das instituições que representam na atualidade um dos esteios anticorrupção: a Polícia Federal. E atinge em cheio a maior bandeira de seu discurso: o combate à corrupção no Brasil e o fim de interferências políticas nas instituições de Estado. O ex-ministro, que representava esse pilar de luta contra a corrupção e o crime organizado, acusa o Presidente de interferir nas investigações da Polícia Federal, entre outras denúncias. E o Presidente acusa Moro de chantageá-lo, entre outras acusações. Muito precisa ser investigado e esclarecido.

Muitas coisas não estão claras, mas certamente embaixo desse tapete tem mais, muito mais para aparecer. Vamos esperar os desdobramentos, sempre tendo em mente que lutar contra a corrupção e o crime organizado é defender os mais vulneráveis, pois não existe nada que impossibilite mais o acesso a direitos e possibilidades de crescimento humano e de liberdade do que a corrupção do Estado.

Vale a pena relembrar, também: os fins não justificam os meios. Esse preceito ético vale para todos, seja quem for, e, quando esquecido, levou a humanidade a viver suas maiores tragédias.

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